O Longo Caminho até o 11 de Setembro

O Longo Caminho até o 11 de Setembro
A verdadeira história do 11 de setembro

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O Terror Chega para os Americanos - Parte II




Timothy James McVeigh nasceu em Pendleton, no ano de 1968 e cresceu num ambiente católico de classe média, em Lockport, no Estado de Nova York. Filho e neto de operários, por duas gerações sua família, perfeitamente integrada na comunidade, trabalhara em uma fábrica de radiadores. Desde cedo, mostrou atração pela vida militar, assentando praça aos 20 anos. Soldado modelo bateu recordes em desempenho e em disciplina. Na guerra do Golfo, em 1991, combateu como artilheiro de tanque e por sua atuação, aos 22 anos, recebera todas as condecorações possíveis. Tornou-se um herói de guerra. Possuía como ambição, integrar os reputados Boinas Verdes, comando de elite do exército. Entretanto, falhou nos testes de admissão, jamais voltando a se candidatar e logo dando baixa no exército. Desiludiu-se com o governo de seu país e com a forma que acreditou ser desumana, de como os Estados Unidos tratou o povo iraquiano, impondo-lhes duras sanções econômicas e militares. Com a vida sofrendo uma degradação brusca, a única saída para suas perícias, foi trabalhar como guarda de segurança na esfera privada, na qual atuou durante algum tempo. Quando cotejado aos píncaros emocionais da campanha e com o status de herói de guerra, a nova situação revelou-se intolerável, e McVeigh deixou seus empregos, preferindo ficar à deriva.
Nos Estados Unidos existem duas tendências de extrema direita: uma, que se autodenomina “populista”, com raízes em movimentos de pequenos proprietários rurais, que são contra o poder dos bancos, que data da luta contra o padrão-ouro no século 19. Sua ideologia, especificamente americana, é pouco familiar e difícil de compreender para os estrangeiros. Proclama-se, nem direita nem esquerda; não se apresenta como genéricamente racista, nem como fascista, mas como uma espécie de anarquismo de direita, em rebelião contra o poder centralizado do governo federal e as altas finanças. Ao contrário, a tendência “supremacista branca” considera-se abertamente herdeira do hitlerismo e se enquadra sem dificuldades no que o resto do mundo reconhece claramente como ultradireita neonazista. Os populistas odeiam Wall Street, ainda mais que a esquerda mais radical. Um de seus textos atribui a um grupo secreto de multimilionários organizados em torno do centro financeiro do mundo a responsabilidade pelo III Reich, pela globalização e pelo tráfico mundial de drogas. A Segunda Guerra Mundial teria sido planejada por John D. Rockefeller, avô de David Rockefeller, e Prescott Bush, pai do ex-presidente George Herbert Walker Bush.
Apesar do simplismo ideológico, não faltam aos militantes populistas treinamento, competência militar e meios técnicos para realizar atentados de porte. Responsáveis pelo grosso das chamadas milícias, seus membros tem sido recrutados entre os soldados do exército dos EUA e parte de suas armas e explosivos tem sido obtida, legal ou ilegalmente, dos arsenais das forças armadas. Não lhes faltam conexões com o Taleban, se estes acaso tiverem necessidade de sua cooperação: os mujahedins (guerreiros sagrados) receberam treinamento militar dos EUA para combater o regime pró-soviético do Afeganistão e compartilham com os populistas seu ódio aos judeus e ao capital financeiro.
Um representante bem característico dos populistas é James “Bo” Gritz, ex-tenente-coronel dos Boinas Verdes (Forças Especiais do Exército americano) que combateu no Vietnã. Ele lidera uma milícia e uma “comunidade Patriótica” em Idaho, chamada Almost Heaven (Quase Paraíso). Em 1998, um de seus colaboradores admitiria ser culpado de embarcar num avião comercial, um carregamento de explosivo plástico militar destinado ao treinamento de rebeldes do Taleban, no deserto de Nevada.
McVeigh era um colecionador de armas e, como tal, acabou sendo absorvido por uma instituição tipicamente norte-americana, que é a subcultura dos armamentos. Grande número de pessoas, boa parte das quais organizadas em milícias semi-clandestinas e paramilitares, dispondo de publicações periódicas no ramo, dedica-se a freqüentar feiras especializadas que se realizam pelo país todo com regularidade semanal. Nessas feiras, todos se conhecem, compram, vendem ou barganham artigos legais e menos legais – como excedentes do exército, fardas, metralhadoras, morteiros, rifles, dinamite, estopins, munição, detonadores, componentes eletrônicos - enquanto partilham das mesmas idéias. São essas idéias que distinguem a direita americana de outras. Primeiramente, a fervorosa defesa da Constituição e dos direitos civis, expressos na prerrogativa de comprar e portar todo tipo de armamento. Nessa concepção, a liberdade é garantida pelo conjunto dos cidadãos armados: um homem desarmado é presa fácil da tirania. Em segundo lugar, a desconfiança, e resistência sem tréguas, ao governo e ao aparelho de estado, a cujos serviços secretos atribuem uma conspiração em andamento para privá-los das armas. Acreditam-se perseguidos pelo FBI e pela CIA, mas odeiam acima de tudo a BATF, agência federal do Tabaco, Álcool e Armas de Fogo, com filial no edifício demolido em Oklahoma City. E por fim, porque se concebem como legítimos herdeiros do espírito libertário que norteou a guerra da Independência, quando os dominadores ingleses foram expulsos. Temendo o totalitarismo, recusam-se a pagar impostos, a ter um número de inscrição na previdência social e a cadastrar-se seja para o que for numa afirmação de individualismo.
McVeigh encontrou aí seus pares e, embora não se tenha filiado a nenhuma milícia, começaria a negociar armamentos e similares de feira em feira. Também distribuía panfletos de sua autoria e etiquetas com slogans, arregimentando contra a opressão exercida pelo governo. Abandonando a legalidade, usaria documentos falsos, desde carteiras de motorista a cartões telefônicos, com nomes também falsos. Ao deslizar para a clandestinidade, prescindiria de domicílio fixo, vivendo largos períodos nas casas dos camaradas de igual convicção, em trailers e em motéis.
Com o auxílio de dois desses amigos, e de quatro extremistas islâmicos, também em guerra contra o governo dos EUA, juntariam ingredientes químicos suficientes para a fabricação de uma bomba de vastas proporções, pesando 3.500 quilos, com base em fertilizantes. Alguns ingredientes roubariam, outros teriam que comprar. E acumularam tudo num depósito alugado, e na propriedade de um deles. Para financiar o último estágio das operações, assaltou a casa de outro amigo, expropriando seu arsenal e outros bens. McVeigh sabia o que estava fazendo, e tudo ficava dentro da alçada de suas especialidades, aprendidas na tropa.

          McVeigh, certamente não agiu como uma pessoa normalmente agiria, para escapar de uma captura. Apenas 90 minutos após a explosão, ele foi parado por um policial, Charles Ragher, porque estava dirigindo com excesso de velocidade, em uma zona de velocidade restrita. O policial constatou que, além do seu carro ser velho, o mesmo não possuía placas de identificação e não estava licenciado. Quando seu veículo foi vistoriado pelo oficial, este lhe deu voz de prisão, após ter encontrado uma pistola, no porta-luvas. McVeigh chegou a dizer para o policial que a arma estava carregada, no que o mesmo lhe respondeu que a sua também estava. Conduzido à cadeia mais próxima, logo seria identificado como o responsável pelo atentado, graças ao número gravado no eixo (intacto e lançado a mais de 90 metros de distância) do caminhão bomba, única peça que não se desintegrara e que havia sido encontrada 1 hora após a explosão, e a identificação feita pelo proprietário do hotel onde McVeigh havia se hospedado, que o havia reconhecido através do retrato falado do suspeito que aparecera na televisão, no dia seguinte ao atentado. As provas apresentadas foram apenas circunstanciais, sem testemunhas que pusessem o acusado no local do crime, nem impressões digitais, ou algo dessa ordem. Como o réu permaneceu mudo até após o término do julgamento, não dispondo de melhores provas e sem confissão, seria praticamente impossível um júri condenar alguém, quanto mais à pena capital. Todavia, foi o que aconteceu. Em agosto de 1997, McVeigh foi condenado à morte. A execução foi marcada para o dia 16 de maio de 2001, às 08:00 h.      

Do livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro.

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