O Longo Caminho até o 11 de Setembro

O Longo Caminho até o 11 de Setembro
A verdadeira história do 11 de setembro

sábado, 8 de junho de 2013

Inimigos Invisíveis das Liberdades Democráticas



Sabendo, anteriormente, que os fundamentos das ações de conquista e manutenção do poder são o sigilo e as informações estratégicas ou privilegiadas, compreende-se porque pesquisar segredos, de forma legal ou clandestina, pode ser considerada atividade de altíssimo interesse, apesar do risco envolvido. Não é de todo repulsivo que ao Estado, através das polícias e dos serviços secretos, seja dado bisbilhotar a vida alheia, desde que os produtos dessa xeretice se destinem, apenas e tão somente, a sua defesa ou à inteira proteção dos cidadãos. Como às vezes, a investigação é percebida ainda a meio, sem que se possa ou se deseje instruir acusações contra o observado, o remédio é negar, sempre que possível, o feito, considerando-o “apenas um caso fortuito”, naturalmente atribuível a “interesses escusos” ou aos “inimigos das liberdades democráticas”. O complicado, desde tempos imemoriais, mesmo antes de se inventarem os telefones e os grampos, tem sido distinguir entre as operações feitas no legítimo interesse público e aquelas em prol das causas restritas, particulares. Como todos percebemos, os mercados, principalmente os das informações, já governam tudo nos dias de hoje, até mesmo certos governos..., porque conhecimento é poder. Conhecimento exclusivo é poder restrito e, portanto, matéria-prima preciosa para qualquer um que dele possa se valer. Daí fica-nos a certeza de que os grampos, apesar de incompatíveis com os discursos líricos ou oficiais em favor da privacidade do cidadão e da mais irrestrita democracia, continuarão a ser commodity ambicionada pelo mercado, público ou privado.  Afinal, como reza o adágio, “... O preço da liberdade é a eterna vigilância...”, o que certamente não exclui as conversas e os movimentos alheios. Ante essa evidência, não se deve deixar de apreciar os meios, lícitos ou espúrios, ostensivos ou secretos, as conspirações enfim, de que se valem os humanos para se manterem adequadamente informados, ou, apenas, para impedirem essa possibilidade aos adversários. Como é universalmente bem aceito, não pairam muitas dúvidas quanto ao fato de que a sede das forças que detêm o poder mundial esteja, mesmo, localizada nos Estados Unidos muito embora se deva ressaltar, isso não signifique, necessária mente  que o poder mundial já seja os Estados Unidos. Intelectos respeitáveis têm assumido que aquele país possa vir a ser, apenas, a materialização física, visível, desse poder, consubstanciado em pujança física, riqueza e capacidade militar inigualáveis. De outro lado, é razoável supor-se que o “mercado de informações secretas”, essencial às atividades concernentes à ampliação do poder, como qualquer outro mercado nos dias de hoje, também tenha evoluído sob forte tendência concentradora. Isto posto, não é difícil aceitar o fato de que a sede do “observatório universal”, centro mundial da espionagem, também fique em território norte-americano, não apenas recebendo e processando informações de sua rede de aliados como, igualmente, controlando-a. E isso, registre-se, é a pura verdade. A luta tem se revelado tão pesada e profissional neste terreno que, além das pessoas físicas e dos estados nacionais, os próprios mercados comuns, meninas dos olhos do status globalizante e sonho dourado dos trilateralistas, já sofrem as incômodas conseqüências da desconfiança e da bisbilhotice internacional. O parlamento Europeu, órgão legislativo da União Européia, denunciou a existência de um aparato de espionagem internacional denominado Échelon, desenvolvido a partir do fim da Segunda Guerra Mundial para monitorar a antiga União Soviética e seus aliados. Com o fim da guerra fria, o sistema foi adaptado para farejar as “comunicações civis do século XXI”. Com tal manobra, o núcleo de poder conseguiu preservar o orçamento de bilhões de dólares do tempo da bipolaridade ideológica e militar. Ativo desde os anos 70, o Échelon consiste numa rede capaz de filtrar e ordenar informações a partir de palavras-chaves pronunciadas, da mesma forma que sistemas existentes para rastrear informações na Internet. Essa denúncia foi responsável por dezenas de reuniões de especialistas, entre os quais o investigador neozelandês Nicky Hager, autor do livro “Poder Secreto”. Nele, Hager confirma a denúncia de que o sistema central do Échelon fica em Fort Meade, próximo a Washington, onde opera a National Security Agency (NSA), Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, e possui, entre outros, um braço australiano, o Government Communications Security Bureau (GESB), que lhe municia com informações a respeito de tudo que se passa nos países da área do Pacífico, colhidas em Waihopai (Nova Zelândia) e Geraldtown (Austrália). Segundo o livro, os agentes do GESB que, na verdade, é o próprio serviço secreto da Nova Zelândia, passam os dias lendo as correspondências eletrônicas e as transcrições dos telefonemas entre governantes, políticos e empresários da região, repassando os achados “interessantes” para a NSA, em Washington. O “poder secreto”, a que alude Hager, transcende a política e atua em questões puramente comerciais, incluindo espionagem industrial nos chamados “países amigos”. Antigamente, 52 conjuntos de monitoramento trabalhavam de forma independente, porém nos anos 80 foram reunidos sob um sistema integrador denominado Platform. Toda a estrutura desses conjuntos foi unificada, nos dias de hoje, sob o nome de United States Sigint System (USSS). Nem mesmo os grandes aliados dos Estados Unidos escapam dos “olhos eletrônicos”, estruturados a partir do importante centro de Menwith Hill, na Inglaterra. A França decidiu se precaver contra essa vigilância montando aparato próprio de interceptação, na certeza de que é vítima dos olhares malígnos do big brother e atribuindo a eles a perda do contrato para a construção do nosso Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). Essa informação é suportada por Duncan Campbell, o jornalista que redigiu a denúncia do Parlamento Europeu, o qual afirma haver a empresa francesa Thomson, em 1995, quando concorrente à licitação para a construção do Sivan, denunciado que o Brasil também estaria sendo alvo dessa rede de espionagem. A norte-americana Raytheon teria se valido de informações privilegiadas da Thomson, obtidas por meio do USSS, para vencer a corrida pela encomenda. Até mesmo a nossa EMBRAER, segundo informações veiculadas no Canadá, onde fica a sede de sua maior concorrente no mercado, a Bombardier, seria um dos alvos preferenciais do sistema. Todo o universo seria vulnerável ao esquema eletrônico desse conjunto, que possui o mais espetacular, amplo e sofisticado sistema de satélites do mundo. A América Latina seria monitorada pelo Canadá, o Pacífico pela Austrália e a Nova Zelândia, e toda a Europa, pela Inglaterra. Na Ásia, dois países são o alvo principal do aparato: o Japão, adversário econômico, e a China, que já se tornou um grande rival militar. Hager e Campbell continuam as investigações, mantendo estreito intercâmbio, e já levantaram a existência de outros sistemas secundários, sob uma única bandeira, ainda não inteiramente revelados para o público. Essa é a lógica cruel e fria do negócio, não poupando, sequer, a privacidade de nenhum cidadão, deste ou de qualquer outro país onde se viva. Câmeras de televisão, nos Estados Unidos e em diversos outros países industrializados, monitoram permanentemente as ruas, os shoppings centers, os estacionamentos, os edifícios públicos e privados, sob a alegação de prevenção do crime, proteção aos clientes e moradores, programas de prevenção ao uso de drogas, segurança patrimonial, etc. A espirituosa frase “Sorria, você está sendo filmado”, vista em todos esses países, é apenas uma cortesia adicional do status quo, para que você se lembre de ser socialmente bem comportado e de não cometer pequenos delitos. Ela não significa, em hipótese alguma, que você não possa estar sendo vigiado, em qualquer ocasião, por outros meios não anunciados ou perceptíveis. Em sociedades que se vão sofisticando, a polícia e algumas organizações conhecem amplamente a vida privada de cada cidadão, dispondo do registro completo de seus movimentos.
Nos últimos quinze anos, com as revoluções na informática e nas telecomunicações, fenômenos de comunicação de massa como as redes sociais, tem seduzido tantas pessoas pelo mundo que já somam o primeiro bilhão. Infelizmente, tantas pessoas não querem se dar conta de que caíram na armadilha da modernidade e disponibilizam dados importantes que já passam a integrar um extenso banco de dados que pode ser utilizado pela sede de poderes daqueles que tudo já controlam.

No caso específico do Brasil, não compreendo a indignação do governo brasileiro sobre este caso das escutas eletrônicas, como se fosse um escândalo descobrirem que são alvos constantes de vigilância. Lancei este livro em 2011 e de lá pra cá, venho expondo esta questão, sendo ignorado por todos, inclusive os meios de comunicação. Em meu livro, denuncio que todas as nações, inimigas ou amigas, são alvos constantes de espionagem. Denuncio que o governo americano desrespeita todas as convenções e acordos internacionais alegando a questão da segurança nacional. Acima, deixo bem claro o real motivo e afirmo que, se o povo estadunidense não é capaz de se levantar contra um governo que pisa sua própria constituição, isto se dá ou porque são acomodados, ou por serem covardes. Mas, com relação aos povos da Europa, afirmo que é por pura submissão. Já com relação à Asia, especificamente o Japão, trata-se de pura conveniência por também cometerem seus pecados na bisbilhotice alheia.
Veja o que Edward Snowden fala a respeito:
Nota do autor
Do Livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro.