O Longo Caminho até o 11 de Setembro

O Longo Caminho até o 11 de Setembro
A verdadeira história do 11 de setembro

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Ahmad Shah Massoud - O leão de Panjsher


O lendário comandante tadjique, Ahmad Shah Massoud, era de longe a figura de maior visibilidade da Aliança do Norte. Homem de grande carisma e de uma liderança sem igual, Massoud sempre foi um nacionalista. Sua preocupação, acima de qualquer outra coisa, era o povo afegão. Possuía uma base de refúgio e de operações, um baluarte da resistência, que se encontrava no vale Panjsher, ao norte da capital Cabul. Para ele, o maior inimigo da Aliança, era o ISI, pois fôra quem havia criado o Taleban e o patrocinava na conquista do Afeganistão. Este serviço secreto, não era apenas um ponto de apoio logístico para os talebans. Ele contribuía recrutando nas madrassas paquistanesas, de onde saíam mais de 60% da liderança taleban, milhares de fundamentalistas inflamados, como voluntários nas batalhas dos extremistas talebans contra a Aliança e, ainda, por meio de apoio financeiro, incluindo equipamentos militares e grandes reservas de combustível.
Massoud, o líder da Aliança, tinha o apoio da Rússia (que era sua ex-adversária), que acusa o Taleban de exportar o extremismo islâmico para, entre outros locais, a República separatista russa da Chechênia. As ex-Repúblicas soviéticas do Tadjiquistão e do Uzbequistão, também apóiam a Aliança.
A aliança do Norte conta com um exército regular de 15 mil homens. No vale Panjsher e na frente de batalha, o grupo mantém vários, talvêz centenas de tanques e carros blindados. Possuem também vários lançadores de foguetes Katyusha e helicópteros soviéticos já envelhecidos. Ela ocupa o aeroporto de Bagram. Contudo, a Aliança do Norte obtinha recursos, para a guerra contra o Taleban, provenientes da produção de ópio, isso depois que o Taleban impôs medidas de repressão ao cultivo das papoulas. A Aliança chegava a produzir em torno de 120 e 150 toneladas de ópio. Sendo responsável por aproximadamente 70% da produção mundial.
Estes guerrilheiros são praticamente ignorados pela comunidade internacional e por isso, o general Massoud nunca esperou nenhum apoio externo. Quando não estava em combate, Massoud percorria os acampamentos de refugiados afegãos levando água, mantimentos, remédios e seu médico pessoal, para cuidar dos necessitados. Ele dormia muito pouco e, às vezes, ficava dias acordado. Durante as batalhas, preocupava-se muito com os seus combatentes. Os mais jovens, procurava não colocá-los nas frentes de combates. Quando um jovem morria, vítima de combates, de emboscadas ou de minas terrestres, Massoud ficava muito triste e procurava levar conforto pessoalmente à família do mesmo. Raramente ele era visto sorrindo. Seu semblante, sempre firme, inspirava confiança. Sua voz era calma e pausada quase nunca elevava o seu tom. Aqueles que o conheciam tinham por ele grande respeito e admiração. Era um patriota, um nacionalista e, para ele o Afeganistão e seu povo eram de inestimável valor.
Certa vez, Massoud declarou que seu maior sonho era ver o Afeganistão em paz. Por toda sua dedicação a seu povo, Massoud acabou conquistando a atenção da imprensa internacional, que produziu valiosíssimos documentários sobre sua luta na Aliança do Norte. Entre os jornalistas estrangeiros que o acompanhavam, Massoud fez muitos amigos. Entre eles, o jornalista francês, Christophe de Pontilly, que o acompanhava a alguns anos, tornando-se um amigo próximo.
Quando bin Laden se fixou no Afeganistão, Massoud percebeu que seus objetivos eram os mesmos que os dos talebans e os do Serviço de Inteligência paquistanês. Ele sabia sobre a enorme necessidade que o regime dos talebans tinha de conquistar apoio internacional, já que apenas o Paquistão, a Arábia Saudita e os EUA o reconheciam como legítimo. Desta forma, havia aí uma incoerência gritante, pois, já que o governo árabe retirara a cidadania de Laden e o expulsara do país, além de o mesmo ser procurado pelo governo americano por terrorismo internacional. Assim sendo, a coroa saudita jamais poderia concordar que o regime dos talebans o recebesse. Se isto havia ocorrido, algo estava errado. Massoud desconfiava que algo vultoso estivesse sendo preparado e por isso ficou muito preocupado. Ele imaginava que talvez o Taleban fosse iniciar uma nova ofensiva contra a Aliança.

Massoud realmente estava certo, pois, pouco tempo depois que Laden e sua Al Qaeda fixaram-se no Afeganistão, os talebans expandiram seus domínios, chegando a 90% do país.

No dia 9 de setembro,  Comandante Ahmad Shah Massoud, sofreu um atentado terrorista a bomba, do qual morreria mais tarde, em 19 de setembro, após entrar em um coma profundo em conseqüência dos ferimentos sofridos no ataque. A Aliança do Norte, em um comunicado oficial, confirmava o atentado de seu líder e, ainda, acusava o eixo ISI-Osama-Taleban, nos seguintes termos: “Um eixo de ISI-Osama-Taleban, por intermédio de árabes terroristas, fingindo passar-se por jornalistas, detonaram explosivos presos secretamente em seus corpos, deixando assim, Massoud gravemente ferido... Nós acreditamos tratar-se de uma obra perpetrada pelo triângulo Osama bin Laden, ISI e Taleban”. Mais tarde, tanto bin Laden quanto o Taleban, alegariam o seu papel no atentado a Massoud. A mídia ocidental ficou muda em relação ao insidioso papel da Inteligência Militar do Paquistão. A imprensa apenas mencionou o atentado, mas nenhum especialista político ou militar notou o significado do atentado. Massoud estava fora dos planos do governo americano e do Paquistão, para um futuro governo afegão, pós-Taleban. Uma vez que o Taleban não concordaria com o oleoduto cruzando o Afeganistão, deveria ser classificado como inimigo e removido. Este seria um dos motivos pelos quais os atentados de 11 de setembro deveriam acontecer. A construção de um oleoduto que sairia das jazidas do Cazaquistão ou do Turcomenistão, próximas ao Mar Cáspio, passaria pelas cidades de Herat e Kandahar, no Afeganistão, entraria no Paquistão por Quetta e terminaria no porto de Karachi. Daí, o petróleo e o gás seriam facilmente embarcados rumo aos EUA, tirando a China e a Russia da jogada, além de evitar as águas conturbadas do Golfo Pérsico que já foram palco de violentos enfrentamentos. O custo da obra giraria em torno dos 2 bilhões de dólares e daria acesso a reservas de petróleo 33 vezes maiores que as do Alasca e a uma quantidade de gás natural estimada em 50% do total já descoberto a nível mundial.

Do Livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro.

Um comentário:

  1. Meu caro, muita coisa ainda precisa ser dita sobre tudo isso. Ótima pesquisa e parabéns pela coragem de publicar.

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