O Longo Caminho até o 11 de Setembro

O Longo Caminho até o 11 de Setembro
A verdadeira história do 11 de setembro

terça-feira, 21 de maio de 2013

As advertências de John P. O´Neill



Entre os anos de 1996 e 1997, O´Neill começou a advertir às agências de segurança americanas sobre as ameaças crescentes do terrorismo. Ele alertou que grupos modernos de células terroristas, operando dentro de dezenas de cidades dos Estados Unidos, aparentemente não estavam sendo vigiados pelo governo. Indicou que se tratavam de veteranos rebeldes da guerra contra a ocupação soviética, no Afeganistão e que, outrora aliados, agora se tratavam de uma ameaça real e imediata. No ano de 1997, John viajou para Nova York e assumiu o escritório do FBI como responsável pela segurança nacional e contraterrorismo. Nesta época, ele já estava obcecado por Osama bin Laden e conhecia suas ligações com o serviço secreto árabe e a coroa saudita. Sabia que havia uma forte pressão, por parte da liderânça da seita islâmica puritana dos wahabitas para que as bases e os soldados americanos fossem removidos da Arábia Saudita. Sabia, ainda, que membros da CIA e pessoas muito importantes do Departamento de Estado estavam elaborando um plano, em conjunto com os árabes, para a solução final do problema. Infelizmente, O´Neill não conhecia tais planos.

O Discurso de John Patrick O´Neill


Durante o mês de junho de 1997, John P. O´Neill proferiu um discurso durante o Fórum de Estratégia Nacional, na cidade de Chicago. Após vários elogios acerca do qual ele considerava ser o melhor departamento de polícia dos Estados Unidos, O´Neill foi direto ao objeto de sua apresentação: o terrorismo doméstico.
“A definição de terrorismo, em sua forma simplificada é o uso da violência ou da ameaça de violência, para se obter vantagens sobre uma agenda política ou social”. Citou, como exemplo, o atentado na cidade de Oklahoma.
O´Neill comentou que o governo americano possuía um programa para o terrorismo internacional, que tratava dos atos de violência com motivação política ou social, nos negócios com indivíduos estrangeiros ou os interesses americanos no exterior. Para John, o que motivava grupos terroristas a atacarem americanos, sempre seria sua política ou sua agenda social no exterior. Neste caso, o terrorismo internacional havia feitos ataques duros, com perdas de vidas americanas em lugares como Dhahram, na Arábia saudita, nas torres Khobar, e nos Estados Unidos, como o atentado ao World Trade Center, em 1993, na cidade de Nova York. Desta forma, os atos do terrorismo internacional passaram a acontecer dentro do território americano, “em suas praias”, ao contrário da forma como o programa de contraterrorismo havia se preparado, isto é, um ato de terrorismo doméstico, até então era encarado como uma edição de ataques aos interesses americanos em Londres, por exemplo.
Para um público altamente especializado e cada vez mais interessado, John expôs que os atos do terrorismo haviam mudado e que, embora eles dispusessem de várias ferramentas de combate, uma das mais importantes seria a diplomacia. O governo americano utilizava seu Departamento de Estado nas suas tentativas de diplomacia, pelo mundo, para fazer acordos, tratados e convenções com muitos países, a fim de minimizar a possibilidade de ataques terroristas. Mas existiam aqueles países com os quais não negociavam, por tratar-se de nações visivelmente hostis ao povo americano. A estas nações, a América, em conjunto com as Nações Unidas, exercia fortes sanções econômicas; eram elas: Iraque e Líbia. No caso da Líbia, por sua alegada participação no desastre do vôo 103 da Panam, e do ataque a uma discoteca em Berlim, onde estavam soldados americanos. Por conta disto, além das sanções, o governo americano utilizou ações militares secretas contra sua capital, Trípoli.
Para a nova modalidade de terrorismo doméstico, O´Neill apresentava uma nova ferramenta de combate que era a união do setor público com a sociedade civil para juntas, tentarem enfrentar a nova ameaça. Ao governo caberia criar um órgão confidencial que receberia denúncias da população, com relação a indivíduos suspeitos. Este órgão, em sigilo, colheria informações a respeito dos indivíduos denunciados a fim de identificar um provável grupo com intenções hostis. John insistiu na importância e na necessidade do ativismo das comunidades, para ajudar a combater os atos terroristas. Outro ponto para se prevenir de ataques seria um exame atento aos lugares lógicos, onde os terroristas poderiam atacar. Um exemplo clássico seria a própria Casa Branca. Um ataque a este tipo de lugar seria visto como um incentivo a outras ações e isto exigiria uma resposta maciça, que traria sérias conseqüências para o modo de vida americano.
Na visão de John P. O´Neill, o FBI era uma agência de ligação para o terrorismo nos Estados Unidos e isto havia ficado claro nos casos de Waco e Oklahoma. Desta forma, para um público atônito, O´Neill pediu uma reflexão interna, por parte das autoridades presentes. Contudo, o mais importante seria que todos olhassem para esta nova modalidade de terror que havia chegado às praias americanas. Tratava-se de uma ameaça significativa e muito particular, que poderia trazer tragédias maiores que a da cidade de Oklahoma.
O´Neill explicou que, por ocasião do atentado ao World Trade Center, em 1993, o FBI e a maioria da comunidade dos serviços de inteligência, apostaram suas fichas nos estados que patrocinavam o terrorismo, seriam eles: Irã, Iraque, Líbia, Síria e Sudão. Contudo, com o avançar das investigações, dolorosamente, foram descobrindo um novo reinado de terror, que crescia em belos lugares, em nações aparentemente amigas, mas que possuíam algum tipo de extremismo religioso, como o Egito, o Paquistão, o Kuwait e a Arábia Saudita. Os indivíduos que foram localizados, em muitos casos, moviam-se com liberdade através de brechas nas leis americanas. Eram guiados por uma Jihad (guerra santa), uma opinião que vai contra toda nação ou estado democrático. Eles podem rápidamente formarem-se em grupos e, da mesma forma, dispersarem-se. Haviam, neste  contexto, outros teatros desta guerra santa, como: Afeganistão, Sudão do Sul, Argélia, que haviam estendido seus conflitos para países como a França, a Bósnia, a Chechênia, a Caxemira e algumas áreas na América do Sul. Esta nova visão se deu a partir do atentado ao WTC. Desta forma, O´Neill mostrava como as coisas haviam mudado nos últimos anos. Nenhum Estado inteligente se disporia a atacar uma nação com tamanha superioridade militar, como os Estados Unidos. A única forma de causar algum dano a América, seria com atos terroristas em seu próprio território.
Outro exame interior que O´Neill solicitou foi o histórico, pelo qual, durante  centenas de anos, o extremismo radical ocidental levou as culturas européias às cruzadas. Aliás, as cruzadas em si continuam sendo uma vertente significativa para os movimentos extremistas islâmicos, justamente por terem assassinado milhares de mulheres e crianças muçulmanas. Mesmo nos dias de hoje estes assassinatos continuam ocorrendo por parte do estado de Israel contra os palestinianos.
John P. O´Neill abordou a questão recente da invasão soviética ao Afeganistão. Quando finalmente, depois de dez anos, as forças de ocupação retiraram-se daquele país, os guerrilheiros das diversas nações árabes acharam que se haviam conseguido vencer uma das mais poderosas forças militares do mundo, não deveria ser impossível vencer o Estado sionista e seu maior aliado; os Estados Unidos. Curiosamente, estes guerrilheiros haviam sido treinados em insurgências e táticas de guerrilha, pelo próprio governo americano e, após terem retornado para seus países de origem, estavam sendo reconvocados por uma nova rede global de terrorismo, para uma nova Jihad.



Do Livro: O Longo Caminha até o 11 de Setembro.


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