O Longo Caminho até o 11 de Setembro

O Longo Caminho até o 11 de Setembro
A verdadeira história do 11 de setembro

terça-feira, 30 de abril de 2013

O Terror Chega para os Americanos - Parte I



O jovem alto, loiro, de olhos bem azuis e de aproximadamente 26 anos, instalou com extremo cuidado, os últimos detonadores, no carregamento de 3.500kg da mistura explosiva a base de nitrato de amônia e óleo combustível. Para a confecção desta bomba, ele e Terry haviam gasto em torno de U$ 60.000 dólares. A mistura obedeceu rigorosamente às quantidades especificadas, por Terry Nichols e Ramzi Yousef (autor do 1º atentado contra o WTC, em fevereiro de 1993), isto é, a proporção de 94,5% de NA e 5,5% de OC, o que fornece melhor balanceamento de oxigênio e maior quantidade de energia liberada na reação. Conforme o planejado, a bomba de fertilizantes cristalizados estava pronta para ser ativada por um pavio rudimentar, cuja queima levaria cinco minutos. Antes de entrar no caminhão Ryder, o qual havia alugado utilizando-se de documentos falsificados, em nome de Robert Klin, deu uma última olhada para a camiseta que usava. Na frente da mesma havia a imagem de Lincoln com a frase em latim que seu assassino John Wilkes Booth proferira ao alvejá-lo no teatro: Sic semper tyrannics (Assim sempre aos tiranos), esta era a mesma frase que Brutus proferira quando participou do assassinato do imperador de Roma, Júlio César; e nas costas, uma árvore e a citação de Thomas Jefferson: “A árvore da liberdade deve ser refrescada de tempos em tempos com o sangue de patriotas e tiranos”. Sem demonstrar preocupação, dirigiu em média velocidade por todo o percurso, de aproximadamente três horas, reduzindo ao passar pelos Regency Towers Apartments em Oklahoma City. Por alguns instantes, seus pensamentos voltaram no tempo. McVeigh se lembrou dos dias em que visitou Monte Carmel e de como as pessoas eram amáveis. Em sua mente ainda ecoava o sermão proferido por David Koresh: “Saibam todos que existe claramente em ação uma estratégia imposta pelos donos do mundo, os detentores do capital transnacional, líderes do sistema financeiro internacional para progressivamente implementar um governo mundial. Eles trabalham incansávelmente para destruir as Instituições Nacionais:  Família, Igreja, Estado, Escola, Empresa. Procuram demolir o Estado Nacional Soberano, minimizar a importância da Igreja, desmoralizar os princípios e valores fundamentais da Família, da Escola e da Empresa.” Lembrou também, da terrível visão de Monte Carmel ardendo em chamas. Todas aquelas pessoas... Mortas...
Enquanto isso, vários agentes do FBI e do BATF que, desde as primeiras horas do dia, estavam de vigília espalhados pelos prédios das proximidades, aguardavam por um acontecimento de grandes proporções. Suas ordens eram para registrar todos os detalhes do evento por acontecer. Alguns agentes estavam com equipamentos para filmar e fotografar todo e qualquer veículo de médio e grande porte que se aproximasse do prédio federal Alfred P. Murrah.
O condutor parou o veículo antes de entrar na área urbana e acendeu o estopim. A seguir voltou para a cabine e dirigiu em direção ao prédio federal. Em certo momento, ficou preocupado quando teve que parar em um sinal de trânsito que demorou quase um minuto para abrir. Dali para frente teve que dirigir com mais velocidade, pois se houvesse mais um contratempo, não conseguiria chegar ao alvo em tempo. Determinado a cumprir seu objetivo, o jovem dirigiu os minutos seguintes sem mais incidentes até o prédio do governo, lá chegando às 9:01 h. Estacionou o caminhão nos fundos do Federal Murrah Building (AP/Departamento de Justíça), ao lado de uma das 4 colunas que sustentavam a longarina que servia de apoio aos 6 pavimentos superiores. Este local havia sido escolhido préviamente. Então, fechou o veículo, olhou em volta e saiu andando em direção a um carro, estacionado bem próximo dali, sem nem ao menos olhar para trás uma única vez. Quando o caminhão explodiu, eram 9:02 h da manhã do dia 19 de abril de 1995. A esta hora, todos os funcionários já deveriam estar em suas mesas e todas as crianças, na creche.
Neste mesmo dia, três eventos aconteceriam: Primeiro, o Congresso estava começando a conduzir uma investigação a respeito do incidente em Waco. O Congresso havia indicado uma Comissão para ouvir os depoimentos e estava começando a convocar uma lista de testemunhas. Os registros da tragédia de Waco estavam sendo conservados no Edifício Federal Murrah. Segundo, o Congresso estava debatendo seriamente o relaxamento de algumas leis sobre o controle de armas e a abolição de outras. E o terceiro, tratava-se da execução de, Richard Snell, um membro das Nações Arianas e freqüentador da cidade de Elohim.
O Alfred P. Murrah era um prédio Federal, que havia sido construído em 1977 e era feito de concreto reforçado com fibras de aço e alojava várias repartições públicas federais, entre elas uma filial da BATF, uma do FBI e ainda uma creche, no 1º andar, que funcionava em tempo integral. A explosão foi tão violenta que o prédio veio abaixo em sete segundos, matando 168 pessoas, entre as quais 19 crianças abaixo de 5 anos, 8 agentes federais e ferindo cerca de 600 outras. A explosão danificou, ainda, outros 25 prédios das redondezas, alguns, seriamente.



Do livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro

quinta-feira, 18 de abril de 2013

O Ramo Davidiano e David Koresh - Parte II - Show Time



Em 20 de março, Koresh exigiu que, uma vez estando preso, recebesse permissão de pregar para os membros de sua seita, a partir da sua cela. Dois dias mais tarde, o FBI concordou com essa exigência e redigiu o acordo em papel. Entretanto, quando Koresh leu a carta, “a amassou e a jogou em um canto”. Uma vez mais, o público foi levado a crer que Koresh devia ser culpado, entre todos os outros “religiosos extremistas”.
Em 25 de março, quase um mês após o início do cerco, o FBI deu um ultimato: pelo menos 10 pessoas deveriam deixar Monte Carmel, ou alguma atitude seria tomada. Na noite seguinte, além das músicas em alto volume, luzes fortes e helicópteros iniciaram uma pressão mais intensa. Mas nenhum acordo se estabeleceu.

No início de abril, Koresh concordou em se render, mas somente após ele e os seus seguidores celebrarem a Páscoa. Mesmo apesar da celebração da Páscoa ser judaica e não cristã, a maioria das pessoas não sabe o bastante para fazer essa distinção e, assim, Koresh soou ainda mais “cristão”, para uns, e “fundamentalista religioso” para outros. Uma vez mais, todavia, ele voltou atrás em sua palavra.
Finalmente, Koresh concordou em sair e se render após ter terminado sua “interpretação” dos Sete Selos do Apocalipse. Quando o agente do FBI, Schneider, que foi o principal “negociador”, informou a seus superiores que acreditava que Koresh não estava mesmo trabalhando em seu manuscrito, e nunca sairia sob quaisquer condições, o FBI decidiu pressionar a Secretária de Justiça Janet Reno, para autorizar um ataque “não-letal” total. Um plano de utilização de gás começou a ser traçado, cujo codinome para o ataque era “Show Time”. Acontecia que Koresh, desta vez, tinha deixado a clara impressão de que era um cristão fundamentalista e o povo americano não gostou do que viu. As pessoas achavam que viam um homem que dormia com muitas mulheres, incluindo adolescentes menores de idade. As pessoas pensaram que ali ocorria abuso de crianças. Ele seria um pedófilo. Desta forma, a população americana passou por muita tensão e muito trauma durante os cinqüenta dias do cerco, preocupando-se com o “bem estar das crianças”. No entanto, os eventos do 51º dia, iriam produzir um puro terror além de qualquer coisa imaginável.

Show Time


Às 5:55h. da manhã do dia 19 de abril de 1993, em desafio ao Posse Comitatus Act (um esteio das frágeis liberdades americanas que proíbe o emprego de militares contra civis), a nova Secretária de Justiça, Janet Reno, mandou que o FBI terminasse o que o BATF começara. Tanques da Guarda Nacional do Texas e a 6ª Força Tarefa Conjunta atacaram o complexo com gás mortífero para as crianças e não muito saudável para os adultos, enquanto abriam brechas no prédio. Alguns davidianos conseguiram escapar, enquanto que, outros foram baleados por franco atiradores do FBI. As tropas federais eram formadas por soldados de elite da Força de Comando Delta do Exército, armados com tanques M-60 modificados em veículos de engenharia de combate. Acoplados na frente destes tanques, estavam grandes bombas e canhões. O plano era lançar essas bombas pelos muros da propriedade, nas laterais esquerda e direita do edifício e então, injetar gás nos níveis superior e inferior... Cujo objetivo, era forçar os membros da seita para o centro e para fora, pela frente. Tanques M-1 Abrams, também foram posicionados enquanto veículos de transporte de tropas Bradley ficaram  estacionados em volta do perímetro. Em pontos estratégicos, atiradores de elite do FBI, tomaram posições. Nesse ponto, alguém em autoridade, de algum lugar, deveria ter impetrado uma injunção jurídica contra o Governo Federal por violar a Lei Posse Comitatus. A verdade, por trás desta ação, foi que o principal objetivo dessa operação foi testar o povo americano e ver o grau de sua indignação diante das gritantes violações às leis, o que não aconteceu. Outro ponto importante foi verificar como as tropas se comportariam ao executar, pela primeira vez, uma ação de combate contra uma população localizada. Waco foi assim, o plano piloto das ações policiais do Estado contra civis. Esta seria uma ação comum durante o governo mundial, cuja autoridade estaria firmemente baseada na ONU.
Para o governo Clinton, foi fácil manipular toda a operação e fazer a população colocar a culpa no Ramo Davidiano, nos “cristãos” fundamentalistas, e nos proprietários de armas de fogo.
Quando o ataque ocorreu, as imagens de vídeo mostraram fogo sendo disparado da frente do tanque M-1 Abrams. A conflagração, que subitamente explodiu e consumiu as construções surpreendeu a todos os observadores. Embora os altos funcionários do governo tenham negado, veementemente, as acusações de que tinham iniciado o fogo e tomado as providências para que ele se espalhasse rapidamente, agora sabe-se que, a partir de revelações de ex-agentes, que atuaram na época, as tropas federais usaram artefatos pirotécnicos, que serviram como estopim ao contato com  a grande quantidade de querosene que estava sendo utilizada, em decorrência ao corte da energia durante o cerco.
Quando o ataque foi ordenado, os mesmos altos funcionários do governo sabiam que os ventos estavam soprando a 50 km/h., um fator que se provou extremamente importante, pois o fogo que saía da frente do tanque, instantaneamente, ergueu labaredas de fogo tão intensas que pareciam o próprio inferno. Apenas para assegurar que o incêndio continuaria o mais alto possível, os funcionários federais não chamaram os caminhões dos bombeiros para combater o fogo até trinta minutos após ele ter começado. Finalmente, após um ataque de seis horas, o prédio foi tomado pelas chamas e depois arrasado por veículos blindados Bradley. Neste dia, nenhum oficial do FBI foi ferido. O saldo do cerco aos davidianos foi extremamente trágico; 69 adultos, entre eles Koresh, e 27 crianças, algumas com até três anos, foram mortos.
Um fator agravante foi que os agentes federais utilizaram um agente químico, que é ministrado em guerras pelo Exército Americano o orthochloro benzalmalonomitrile, proibido por convenção internacional. Este agente foi injetado nas construções, através de orifícios feitos nas paredes pelos agentes.
O FBI sustentou que, no Ramo Davidiano, houve uma espécie de suicídio coletivo. Entretanto, alguns pesquisadores defendem que, quando os tanques do FBI iniciaram a invasão, eles derrubaram as lanternas de querosene. Investigadores, por outro lado, tem sugerido que o FBI fez esforço para encobrir os crimes do governo, em Monte Carmel.
Um fato muito estranho, relatado por um ex-agente, dá conta que, durante a noite anterior a tragédia, um grupo de oficiais penetrou o complexo dos davidianos, por um túnel existente a centenas de metros da propriedade, que era utilizado pelos davidianos para se abrigarem dos tornados, muito freqüentes na região. Este grupo de elite da Força Delta dirigiu-se ao centro de convenções e lá, aguardou o início das operações. Sua finalidade era a preparação do ambiente para a invasão, eliminando os líderes da resistência.
De acordo com um médico legista, que foi um dos examinadores dos corpos dos davidianos, do Condado de Terre Haute, muitas dessas mortes ocorreram no Condado de Mclennan, situado muitos quilômetros ao sul de Terre Haute. Segundo relatórios, alguns corpos resgatados não estavam utilizando máscaras anti-gás. Alguns pretensos sobreviventes do incêndio, relataram que as mães usavam máscaras, mas as crianças não. Segundo um psicólogo, isto é pouco provável, pois é difícil acreditar que as mães preferissem colocar máscaras, para sua segurança, e ficassem assistindo suas crianças se contorcerem pela asfixia, ao invés de, simplesmente, se entregarem às autoridades e salvarem seus filhos.
Existem evidências forenses de que restos de máscaras não estavam ligados, ou mesmo próximos, aos corpos dos membros de Monte Carmel. Uma máscara anti-gás, normalmente, ao ser destruída pelo calor das chamas, sempre deixa resíduos no rosto de quem a usa.
Em resumo, não houve evidências, contundentes, de que os membros do Ramo Davidiano estivessem utilizando as máscaras anti-gás, apesar de as terem em grande quantidade em seus estoques. Isto prova que, durante a invasão, as pessoas não tiveram tempo de colocar as máscaras.
Em 1º de julho de 2001, o The New York Times publicou matéria na qual os advogados do Ramo Davidiano afirmavam que quando os agentes do FBI atiraram em membros do culto, empregaram um tipo de fuzil de assalto curto que depois, não foi submetido a exame.
Koresh, quando morreu, tinha 33 anos de idade, o que era perfeito para que ele se apresentasse como a figura do Messias, para a sua seita, já que conforme a tradição cristã, que professa que a idade de Cristo era de 33 anos, quando completou seu ministério. Ao que parece, após 51 dias de cerco, passando tantas privações e provações, Koresh sabia que só sairia de Monte Carmel morto, após o sacrifício, nas mãos dos incrédulos.
Waco foi o maior massacre de americanos, por seu próprio governo, desde 1890, quando muitos índios da tribo do chefe Pé Grande, foram trucidados em Wounded Knee, Dakota do Sul.
Algum tempo depois, 11 membros da Igreja Ramo Davidiano, foram levados a julgamento por “conspiração para praticar assassinato” dos agentes federais que os haviam atacado. O júri pronunciou-se pela inocência de todos os 11 nesse quesito. Mas, depois de declarar que os réus eram culpados da tentativa de homicídio – a própria acusação da qual acabavam de ser inocentados -, o juiz sentenciou oito membros, inocentes, da igreja em até 40 anos, com base em acusações menos pesadas. Um jurado desgostoso comentou: “as pessoas erradas foram a julgamento.”

Do Livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Ramo Davidiano e David Koresh - Parte I



No dia 28 de fevereiro de 1993, o Birô Federal do Álcool Tabaco e Armas de Fogo (BATF); órgão do governo americano que regula a comercialização de fumo, álcool, venda e posse de armas de fogo; cumprindo sua diretriz para “controlar” armas de fogo, sem os devidos mandados de busca, invade a propriedade da seita adventista denominada “Ramo Davidiano Águas Vivas”. Na verdade, o BATF já havia recusado anteriormente todos os convites feitos pelo líder da seita, David Koresh, para que inspecionasse suas armas licenciadas. Ao contrário, o BATF preferiu divertir-se. Mais de 100 agentes atacaram o complexo da igreja, enquanto, no alto, pelo menos um helicóptero disparava no teto do prédio principal. Seis membros do Ramo Davidiano foram mortos. Quatro agentes federais tombaram, vítimas de fogo amigo dos próprios companheiros, conforme se acreditou, e pelo menos 16 ficaram feridos. Com a morte dos agentes, o caso assumiu gravidade inesperada. Seguiu-se um cerco à propriedade davidiana de Monte Carmel. O FBI, então, assumiu o caso.
Sobre Koresh, pesavam as supostas “confirmações” de que ele estaria cometendo abusos contra crianças, tanto física quanto sexualmente, possuía estoques ilegais de armas e, ainda, ao que parecia, estava fabricando e vendendo metanfitamina cristalizada. Mesmo apesar de os agentes poderem ter prendido David a qualquer tempo, nas várias semanas anteriores ao início do impasse, preferiram não dar esse passo fácil. A indignação pública foi imediata e dirigida contra o líder da seita, em resposta ao trabalho de mídia, que informava com regularidade sobre os males que David Koresh praticava. A mídia procurou explorar seu passado e seus antecedentes revelando que, durante o ano de 1987, Koresh havia se envolvido em uma briga e subseqüente tiroteio com George Roden, antigo líder da seita.
O cerco a Monte Carmel, a isolara do mundo exterior. Então, os agentes do FBI tomaram uma série de medidas, entre elas, desligaram a eletricidade, negaram comida as crianças, algumas com até 3 anos de idade, e às pessoas idosas. Em seguida, abriram uma linha de comunicação com David, com o propósito de negociarem com ele, a fim de convencê-lo a sair e a entregar-se. De imediato, Koresh recusou-se. Enquanto isso fez uma série de sermões religiosos, onde anunciou o final dos tempos. Na verdade, David Koresh havia desenvolvido, anteriormente, uma série de profecias, nas quais seus seguidores entrariam em conflito com forças que identificava ser o Governo dos Estados Unidos. Segundo Koresh, tal conflito ocorreria no ano de 1995. Ele sabia que, sob a liderança do presidente Clinton, estavam em curso grandes avanços a Nova Ordem Mundial. Estes avanços estavam se dando na sociedade americana, em primeiro momento, para posteriormente, serem promovidos avanços nas relações exteriores. Koresh estava, segundo suas palavras, “preocupado” com as políticas a atitudes anticristãs do presidente. Ele possuía conhecimentos de que Bill Clinton era membro da sociedade secreta de Rhodes e que seu compromisso maior era com essa Ordem e não com os Estados Unidos da América. Utilizando-se deste argumento, começou a estocar uma quantidade apreciável de armas em Monte Carmel, tais como: fuzis AK – 47, granadas e lançadores de granadas, rifles e metralhadoras, muita munição, máscara contra gás e rações militares.
Em março de 1993, muitos dos peregrinos que costumavam visitar Monte Carmel, dirigiram-se a Waco, no Texas, a fim de observarem o cerco federal. Entre os muitos contestadores ali presentes, havia um jovem veterano condecorado por bravura, da Guerra do Golfo. Juntamente com os outros observadores, ele seria devidamente fotografado pelo FBI.
Sem dar descanso, durante o cerco, o FBI brindou os membros do culto com fitas musicais de estourar os tímpanos, 24 horas por dia (Nancy Sinatra: “Estas botas foram feitas para caminhar/ E é o que elas farão/ Qualquer dia, estas botas vão passar por cima de você”), e também com os guinchos gravados de coelhos agonizantes, que faziam lembrar a guerra não declarada do ex-presidente George Bush ao Panamá, que, após vários concertos semelhantes diante da Embaixada do Vaticano, proporcionou a entrega do super criminoso das drogas (e ex-agente da CIA), Manuel Noriega, que se havia refugiado ali.
Do Livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro.





quinta-feira, 4 de abril de 2013

Não foi desta vez!



Na manhã fria de 26 de fevereiro de 1993, na cidade industrial de Paterson, no Estado de Nova Jersey, Ramzi Yousef ajeitou, com extremo cuidado, um botijão de plástico azul, do tamanho de um barril de chope, no compartimento de carga da caminhonete. Esta seria a última peça de um carregamento mortífero que incluía uma bomba caseira, à base de nitrato de amônia, com mais de 700 quilos. Horas depois, Ramzi, Abdul Rahman Said Yasin, da cidade de Bloomington, Indiana, e Eyad Ismail, um palestino, que era o condutor da caminhonete, seguiram até a garagem subterrânea de uma das torres do World Trade Center. Seguindo as coordenadas recebidas por Rahman, o veículo tinha que ser deixado na seção do Serviço Secreto de Nova York. Poucos minutos após terem abandonado o caminhão, o mecanismo de detonação foi ativado. A explosão que se seguiu, provocou a morte de seis pessoas e ferimentos em outras mil, gerando assim, um número maior de feridos hospitalizados do que qualquer outro evento na história americana, desde a Guerra Civil. Yousef tinha procurado causar o colapso da Torre dois de tal maneira que ela caísse sobre a outra torre, o que causaria a morte de dezenas de milhares de pessoas, além de demolir todo o complexo. Contudo, embora poderosa, a explosão não atingiu o objetivo. Este não foi apenas o primeiro atentado de radicais islâmicos contra o WTC, mas também a primeira vez que uma arma química de destruição massiva era empregada contra um alvo em território americano. É que dentro do tonel de plástico estavam estocados cerca de 50 quilos de cianeto (o sal do ácido cianídrico), que, se ganhassem a atmosfera da zona sul de Manhattan, poderiam ter matado muito mais pessoas ainda. Essa tragédia somente não aconteceu porque o arremedo da bomba química era muito rústico e o cianeto queimou todo na explosão.
A caminhonete explodiu na rampa de acesso do segundo piso de uma garagem subterrânea de seis níveis, sob a torre dois, abriu uma cratera de 30 metros de diâmetro e cerca de 60 de profundidade, provocando ainda dois incêndios nas imediações. O teto da estação do metrô, que ficava sob as duas torres do complexo, desabou.
Os transtornos foram de tal magnitude que, todo o bairro foi paralisado, houve interrupção nas linhas do metrô, no sentido Nova Jersey e levou pânico aos funcionários do WTC e moradores da região.
Os funcionários que trabalhavam na parte mais alta das torres de 110 andares levaram mais de duas horas para chegar até o térreo, pelas escadas. A maioria completamente extenuada. Parte deles foi resgatada do terraço dos edifícios, por helicópteros. Com a explosão, algumas das estações de TV de Nova York, que tinham antenas no topo das torres, saíram do ar.
Os planos de emergência, para retirada das pessoas, se tornaram inúteis porque a bomba devastou os centros de comando policial e de operações do prédio.
Durante a noite daquele mesmo dia, o presidente Bill Clinton, conversou por telefone com o governador de Nova York, Mário Cuomo, e o prefeito da cidade, David Dinkias, que cancelou o resto dos compromissos de uma visita que fazia ao Japão e embarcou de volta a Nova York. “As autoridades de Nova York têm razões para acreditar que foi um atentado a bomba”, disse o secretário de imprensa da Casa Branca, Dee Dee Myers.
Afora a notoriedade do local escolhido para o atentado, a outra indicação sobre a possível natureza política da ação foi que a explosão aconteceu na seção do WTC onde estão a garagem do Hotel Vista e, ao lado, a garagem do Serviço Secreto de Nova York, que abriga cerca de cem automóveis e alguns veículos blindados. O Serviço Secreto, uma agência do Departamento do Tesouro, é responsável pela segurança da Casa Branca e a proteção do presidente, dos membros do gabinete e de dignatários estrangeiros em visita aos EUA. Um porta-voz do serviço informou que três agentes ficaram feridos. Nenhuma informação foi fornecida sobre danos materiais na seção da garagem ocupada pela agência federal.
Agentes do BATF (Bureau of Alcohol, Tabacco and Firearms) e especialistas das unidades de explosivo e antiterrorismo do FBI, começaram a vasculhar os escombros, naquela mesma noite, em busca de fragmentos de um provável carro bomba.
Em Washington, no dia seguinte a explosão no WTC, os aeroportos e os principais prédios públicos e monumentos da capital, assim como os grandes edifícios das metrópoles americanas, amanheceram com a segurança reforçada.
John C. Killorin, porta-voz do BATF, que foi encarregada de determinar a causa da explosão, disse: “Não temos ainda a prova de que foi uma bomba, mas estamos investigando como se fosse.” Autoridades federais e da polícia de Nova York tabularam, pelo menos, nove chamadas telefônicas reivindicando a responsabilidade pelo atentado na primeira hora após a explosão. Numa delas, a pessoa que chamou, identificou-se como porta-voz de uma “Frente de Libertação da Sérvia”, desconhecida do governo americano. Entrevistados em programas de televisão, especialistas em antiterrorismo listaram também, entre os suspeitos, os grupos do Oriente Médio e o narcotráfico.
O fato de terem escolhido o World Trade Center como alvo, mostrava, logo no início das investigações, que os responsáveis, além do desejo de provocar uma tragédia de proporções gigantescas, também tinham o objetivo de intimidar as autoridades e o público exibindo sua capacidade de agir e propagar o pânico numa das estruturas mais famosas e movimentadas do mundo. Calcula-se que pelo menos, 50 mil pessoas trabalhavam nas duas torres do WTC, e que estavam em seus escritórios no momento da explosão. Considerando as circunstâncias, é notável que não tenha havido pânico e um massacre durante a operação de evacuação dos prédios, o que levou, no total, mais de seis horas. Apesar do número relativamente baixo de mortos e da pouca severidade dos ferimentos, de uma forma geral, o que aconteceu no WTC chocou os Estados Unidos e colocou as autoridades frente a uma ameaça. Embora o governo dos EUA, os cidadãos e empresas do país sejam alvos preferenciais e freqüentes de atentados terroristas ao redor do mundo, este não era um problema que as autoridades e o público americanos estivessem acostumados a enfrentar em casa. A última ação de terrorismo político nos EUA foi um atentado à bomba em Washington, em setembro de 1976, que matou o ex-chanceler chileno Orlando Letelier.
Do livro: "O Longo Caminho até o 11 de setembro."