O Longo Caminho até o 11 de Setembro

O Longo Caminho até o 11 de Setembro
A verdadeira história do 11 de setembro

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O`Neill versus Osama


Osama bin Laden emitiu uma Segunda “fatwa” em 1998, conclamando ataques contra civis norte-americanos. Novamente os Estados Unidos pediram ao Afeganistão a extradição de Laden. Diante da negativa, como era de se esperar, espalharam cartazes de “procura-se” pelo Oriente Médio e ofereceram uma recompensa de 5 milhões de dólares por sua captura.
           O governo americano ciente de que deveria monitorar esta situação, lançou mão de novos recursos tecnológicos. Assim, em 28 de fevereiro de 1998, o Drone Global Hawk, um veículo aéreo autônomo, de Raytheon completa seu primeiro vôo sobre a base Edwards Air Force, na California a uma altura de 9.600 metros que é a altura de cruzeiro dos aviões comerciais.

No mês de julho, em uma reunião secreta em Kandahar, Afeganistão, de membros da coroa saudita e do Taleban, um acordo de ajuda ficou estabelecido. Entre os presentes estavam o príncipe Turki Al-Faizal Al-Saud, então diretor do Istakhbarat, Aziz Mahmoud Ahmad chefe do serviço secreto do Paquistão, o ISI, bin Laden e Mohamed Omar, líder do Taleban. O pacto estabelecia que bin Laden não usaria suas forças do Afeganistão para subverter o governo saudita. Em troca, os sauditas concordavam em assegurar que os pedidos para detenção de membros da Al-Qaeda e exigências para fechar campos de treinamento afegãos, por parte de terceiros países, não seriam atendidos. Para reforçar o acordo, os sauditas se comprometeram a fornecer petróleo e ajuda financeira tanto para o Taleban, quanto para o Paquistão. Ao grupo de Osama, seria fornecida uma quantia em torno de US$ 340 milhões.
O’Neill e sua equipe, aos poucos foram delineando a imensa teia de terror. Descobriram que as organizações terroristas são muito semelhantes às empresas modernas. Organizadas em células, essas redes se mantém ligadas a uma matriz virtual e mutante, podendo estar, a qualquer hora, em qualquer lugar do mundo. Seja nas montanhas do Afeganistão, ou em uma grande metrópole ocidental. As operações são locais e autônomas. Possuem, em sua grande maioria, independência para escolher os próprios alvos, arrecadar fundos para estruturar suas ações e estão conectados ao alto comando, tanto por mensagens criptografadas, transmitidas pela internet, quanto por meio de recados pessoais. Podem ficar inativas por anos, estruturando-se de acordo com a importância da ação. Os investigadores estimaram a existência de pelo menos quatro mil colaboradores espalhados por cerca de 40 países, entre eles os Estados Unidos. Determinaram, ainda, que Osama bin Laden, no topo das organizações, é seguido por um conselho de três grandes divisões: finanças, religião e assuntos militares. A rede é quase invisível, articulada, flexível, disseminada e obstinada até a morte. O que garante muitas vantagens sobre a estabilidade, a rotina e a visibilidade do alvo inimigo. A Al Qaeda conseguiu montar a sua teia através de alianças ou parcerias, entre os vários movimentos extremistas islâmicos ou separatistas como o Jihad egípcio e os curdos da Turquia. Entre os membros do conselho consultivo, estão os representantes dos grupos extremistas. Com essa estratégia, Laden ganhou o que precisava: legitimidade e abrangência geográfica.
Neste ponto das investigações, um novo nome começou a aparecer com muita freqüência, no círculo mais influente das organizações: Ayman Al-Zawahiri. Egípcio, formado em medicina. Ele viria a ser conhecido como o grande inspirador e mentor de Osama. Para O’Neill, ficou claro que as células recebem um investimento inicial e daí para a frente, ela é responsável para fazer crescer esse dinheiro, que financiará a concretização do atentado. Em alguns casos, conforme os agentes puderam verificar, o resto da quantia necessária ao funcionamento da célula, vem através de operações fraudulentas com cartões de crédito, isto é, os terroristas especialistas, utilizam alta tecnologia do mundo do crime organizado, compartilhando recursos, tecnologia, capital e conhecimentos específicos. Isto significa que utilizam os princípios da globalização, tal como Paul Wolfowitz descrevia em sua doutrina. Existe ainda, a lavagem de dinheiro com envolvimento em negócios ilegais. Tais como: contrabando de urânio enriquecido, venda de armas e ópio. Essas atividades, mais o esquema de arrecadação de fundos entre simpatizantes do extremismo islâmico, eram os principais sustentáculos da rede Al Qaeda. O que mais impressionou os agentes foi o fato de que Laden jamais reivindicou a autoria das brutalidades que levam a sua marca. Assassinou, massacrou e amedrontou, mas se manteve nas sombras, renunciando ao narcisismo que costuma caracterizar as ações terroristas. Esta era uma conduta que O’Neill acabaria por compreender, à proporção que as investigações fossem avançando.

Durante algumas entrevistas concedidas à imprensa inglêsa e a americana, Laden declarou: “A toda ação, corresponde uma forma de reação.” “Os americanos nunca fizeram distinção entre civis e militares. Eles não jogaram a bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki? Não apoiaram os massacres de crianças e adolescentes, na Palestina?”

Do Livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro.

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