O Longo Caminho até o 11 de Setembro

O Longo Caminho até o 11 de Setembro
A verdadeira história do 11 de setembro

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Coleen Rowley - A prisão de Zacarias Moussaoui


Poucos norte americanos apreciam seu governo tanto quanto Coleen Rowley amava o FBI. Ela sonhava em ser agente, desde que cursava Direito na Universidade de Iowa. Quando se formou, em 1980, se apresentou, por conta própria e foi contratada como agente especial.
Estava orgulhosa de fazer parte da primeira turma de mulheres que lutavam para que fossem levadas a sério na cultura tradicional e masculina que imperava no FBI. Foi galgando cargos como advogada do órgão, até acumular, nos anos 90 o trabalho de advogada-chefe com o de porta-voz da sede, em Minneápolis. Apesar do estresse e do risco, Rowley, que tem quatro filhos e vive em uma casa no subúrbio, nunca trabalhou em outro lugar. Ela é quem sustenta a família, com fôlego.
Na noite de 15 de agosto, Rowley foi chamada por seus colegas agentes. É que os instrutores da escola de aviação haviam telefonado, no dia anterior ao FBI para informar sobre um aluno que falava mal o inglês e que havia pedido para que lhe ensinassem a pilotar um Boeing 747. Os agentes federais chegaram ao hotel de Zacarias Moussaoui no mesmo dia e pediram seus papéis. Quando os documentos demonstraram que o visto poderia ser falso, foi prêso.
Com Moussaoui detido, os agentes começaram a procurar informações. Descobriram que, no fim dos anos 90, a polícia francesa o havia incluído na lista de vigilância e que, utilizando Londres como base, havia viajado várias vezes ao Kuwait, à Turquia e a países da Europa, estabelecendo vínculos com grupos islâmicos radicais e recrutando jovens para lutar na guerra da Chechênia contra a Rússia. Os agentes do serviço secreto francês suspeitaram também, que havia passado uma temporada no Afeganistão e que seu último destino, antes dos Estados Unidos, havia sido o Paquistão. Todas estas informações foram dadas ao FBI para que Moussaoui fosse investigado de todas as maneiras possíveis.
Durante os interrogatórios de Moussaoui, os agentes obtiveram a informação de que ele pretendia treinar em um simulador de vôo, o trajeto do aeroporto de Heathrow, em Londres, até o aeroporto de Kennedy, em Nova York, no comando de um Boeing 747. Por diversas vezes, os agentes pressionaram-no para que revelasse que estava preparando uma ação terrorista. Moussaoui nada revelou. Apenas seguiu insistindo que não fizera nada contra a lei.
Em Minneápolis, poucos dias depois de receber o documento do serviço secreto francês, os agentes começaram a se desesperar e insistiam em examinar o computador portátil de Moussaoui, que fôra apreendido. Foi a primeira série de obstáculos impostos pelos superiores de Washington. Minneápolis queria obter uma ordem de registro para examinar o computador, mas, por lei, o FBI tinha de demonstrar que Moussaoui era agente de um grupo terrorista. Apesar de todas as informações, oriundas das fontes francesas, que relacionavam Zacarias com atividades vinculadas a bin Laden. Os superiores do FBI consideraram as provas insuficientes e rejeitaram os esforços de Minneápolis para examinar o computador. Tratava-se de um grupo de funcionários do médio escalão que, inexplicavelmente, bloqueou os esforços já desesperados dos agentes para obter uma ordem de registro. Um desses funcionários era o supervisor agente especial Dave Frasca, da Unidade de Fundamentalismo Radical (RFU), o mesmo que, além de reter o memorando de Kenneth Williams, havia decidido não averiguar as recomendações especificadas no mesmo. Ficou encarregado, também, de avaliar os pedidos do escritório dos agentes de campo, de Minneápolis. Ele alegava que poderia haver muitíssimos Zacarias Moussaoui na França. Os agentes então procuraram na lista telefônica de Paris e encontraram somente um Moussaoui. Em outro momento, o escritório tentou esquivar os superiores e alertar o Centro Contra o Terrorismo da CIA. Por conta disto, foram repreendidos e até castigados por seus superiores.
No final de agosto, Rowley enviou a solicitação da ordem de registro aos advogados da Unidade Legal de Segurança Nacional. Entretanto, o mesmo supervisor voltou a criar obstáculos, deliberadamente para a solicitação, retendo informação que prometeu acrescentar e fazendo várias mudanças no documento. Em 28 de agosto, a Unidade Legal recusou a solicitação de Minnesota.
Se tivessem conseguido a ordem de registro, teriam descoberto no interior do computador, informações sobre fumegações aéreas, uma carta, de um agente da Al-Qaeda na Malásia dirigida ao marroquino, um caderno que continha um apelido que correspondia ao companheiro de quarto de Mohamed Atta. Com tudo isso contra, Rowley e os agentes acabaram descobrindo que Moussaoui recebia dinheiro, que era enviado por bin Al-Shibh, do Paquistão. Com este dinheiro, o marroquino pagava as suas despesas. Bin Al-Shibh seria o piloto da equipe de Ziad Jarrah, mas que, embora tenha tentado visto para os EUA por quatro vezes, não conseguira. Ele permaneceu em Hamburgo até pouco tempo antes do mês de setembro, quando recebeu ordens para seguir para o Afeganistão e, de lá para Karachi, no Paquistão. Lá, ele deveria ficar escondido e não poderia falar sobre os ataques com ninguém, sob pena de ser prêso.


 Do Livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro.

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