O jovem alto, loiro, de olhos bem azuis
e de aproximadamente 26 anos, instalou com extremo cuidado, os últimos
detonadores, no carregamento de 3.500kg da mistura explosiva a base de nitrato
de amônia e óleo combustível. Para a
confecção desta bomba, ele e Terry haviam gasto em torno de U$ 60.000 dólares.
A mistura obedeceu rigorosamente às quantidades especificadas, por Terry
Nichols e Ramzi Yousef (autor do 1º atentado contra o WTC, em fevereiro de 1993), isto é, a proporção de 94,5% de NA e 5,5% de OC, o que fornece
melhor balanceamento de oxigênio e maior quantidade de energia liberada na reação.
Conforme o planejado, a bomba de fertilizantes cristalizados estava pronta para
ser ativada por um pavio rudimentar, cuja queima levaria cinco minutos. Antes
de entrar no caminhão Ryder, o qual havia alugado utilizando-se de documentos
falsificados, em nome de Robert Klin, deu uma última olhada para a camiseta que
usava. Na frente da mesma havia a imagem de Lincoln com a frase em latim que
seu assassino John Wilkes Booth proferira ao alvejá-lo no teatro: Sic semper
tyrannics (Assim sempre aos tiranos), esta era a mesma frase que Brutus
proferira quando participou do assassinato do imperador de Roma, Júlio César; e
nas costas, uma árvore e a citação de Thomas Jefferson: “A árvore da liberdade
deve ser refrescada de tempos em tempos com o sangue de patriotas e tiranos”.
Sem demonstrar preocupação, dirigiu em média velocidade por todo o percurso, de
aproximadamente três horas, reduzindo ao passar pelos Regency Towers Apartments
em Oklahoma City.
Por alguns instantes, seus pensamentos voltaram no tempo.
McVeigh se lembrou dos dias em que visitou Monte Carmel e de como as pessoas
eram amáveis. Em sua mente ainda ecoava o sermão proferido por David Koresh:
“Saibam todos que existe claramente em ação uma estratégia imposta pelos donos
do mundo, os detentores do capital transnacional, líderes do sistema financeiro
internacional para progressivamente implementar um governo mundial. Eles
trabalham incansávelmente para destruir as Instituições Nacionais: Família, Igreja, Estado, Escola, Empresa. Procuram
demolir o Estado Nacional Soberano, minimizar a importância da Igreja,
desmoralizar os princípios e valores fundamentais da Família, da Escola e da
Empresa.” Lembrou também, da terrível visão de Monte Carmel ardendo em chamas. Todas
aquelas pessoas... Mortas...
Enquanto isso, vários agentes do FBI e
do BATF que, desde as primeiras horas do dia, estavam de vigília espalhados
pelos prédios das proximidades, aguardavam por um acontecimento de grandes
proporções. Suas ordens eram para registrar todos os detalhes do evento por
acontecer. Alguns agentes estavam com equipamentos para filmar e fotografar
todo e qualquer veículo de médio e grande porte que se aproximasse do prédio
federal Alfred P. Murrah.
O condutor parou o veículo antes de
entrar na área urbana e acendeu o estopim. A seguir voltou para a cabine e
dirigiu em direção ao prédio federal. Em certo momento, ficou preocupado quando
teve que parar em um sinal de trânsito que demorou quase um minuto para abrir.
Dali para frente teve que dirigir com mais velocidade, pois se houvesse mais um
contratempo, não conseguiria chegar ao alvo em tempo. Determinado
a cumprir seu objetivo, o jovem dirigiu os minutos seguintes sem mais
incidentes até o prédio do governo, lá chegando às 9:01 h. Estacionou o
caminhão nos fundos do Federal Murrah Building (AP/Departamento de Justíça), ao
lado de uma das 4 colunas que sustentavam a longarina que servia de apoio aos 6
pavimentos superiores. Este local havia sido escolhido préviamente. Então,
fechou o veículo, olhou em volta e saiu andando em direção a um carro,
estacionado bem próximo dali, sem nem ao menos olhar para trás uma única vez.
Quando o caminhão explodiu, eram 9:02 h da manhã do dia 19 de abril de 1995. A esta hora, todos os
funcionários já deveriam estar em suas mesas e todas as crianças, na creche.
Neste mesmo dia, três eventos
aconteceriam: Primeiro, o Congresso estava começando a conduzir uma
investigação a respeito do incidente em Waco. O Congresso
havia indicado uma Comissão para ouvir os depoimentos e estava começando a
convocar uma lista de testemunhas. Os registros da tragédia de Waco estavam
sendo conservados no Edifício Federal Murrah. Segundo, o Congresso estava
debatendo seriamente o relaxamento de algumas leis sobre o controle de armas e
a abolição de outras. E o terceiro, tratava-se da execução de, Richard Snell,
um membro das Nações Arianas e freqüentador da cidade de Elohim.
O Alfred P. Murrah era um prédio
Federal, que havia sido construído em 1977 e era feito de concreto reforçado com
fibras de aço e alojava várias repartições públicas federais, entre elas uma
filial da BATF, uma do FBI e ainda uma creche, no 1º andar, que funcionava em
tempo integral. A explosão foi tão violenta que o prédio veio abaixo em sete
segundos, matando 168 pessoas, entre as quais 19 crianças abaixo de 5 anos, 8
agentes federais e ferindo cerca de 600 outras. A explosão danificou, ainda,
outros 25 prédios das redondezas, alguns, seriamente.
Do livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro
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