Em 20 de
março, Koresh exigiu que, uma vez estando preso, recebesse permissão de pregar
para os membros de sua seita, a partir da sua cela. Dois dias mais tarde, o FBI
concordou com essa exigência e redigiu o acordo em papel. Entretanto ,
quando Koresh leu a carta, “a amassou e a jogou em um canto”. Uma vez mais, o
público foi levado a crer que Koresh devia ser culpado, entre todos os outros
“religiosos extremistas”.
Em 25 de
março, quase um mês após o início do cerco, o FBI deu um ultimato: pelo menos
10 pessoas deveriam deixar Monte Carmel, ou alguma atitude seria tomada. Na
noite seguinte, além das músicas em alto volume, luzes fortes e helicópteros
iniciaram uma pressão mais intensa. Mas nenhum acordo se estabeleceu.
No início de
abril, Koresh concordou em se render, mas somente após ele e os seus seguidores
celebrarem a Páscoa. Mesmo apesar da celebração da Páscoa ser judaica e não
cristã, a maioria das pessoas não sabe o bastante para fazer essa distinção e,
assim, Koresh soou ainda mais “cristão”, para uns, e “fundamentalista
religioso” para outros. Uma vez mais, todavia, ele voltou atrás em sua palavra.
Finalmente,
Koresh concordou em sair e se render após ter terminado sua “interpretação” dos
Sete Selos do Apocalipse. Quando o agente do FBI, Schneider, que foi o
principal “negociador”, informou a seus superiores que acreditava que Koresh
não estava mesmo trabalhando em seu manuscrito, e nunca sairia sob quaisquer
condições, o FBI decidiu pressionar a Secretária de Justiça Janet Reno, para
autorizar um ataque “não-letal” total. Um plano de utilização de gás começou a
ser traçado, cujo codinome para o ataque era “Show Time”. Acontecia que Koresh,
desta vez, tinha deixado a clara impressão de que era um cristão
fundamentalista e o povo americano não gostou do que viu. As pessoas achavam
que viam um homem que dormia com muitas mulheres, incluindo adolescentes
menores de idade. As pessoas pensaram que ali ocorria abuso de crianças. Ele
seria um pedófilo. Desta forma, a população americana passou por muita tensão e
muito trauma durante os cinqüenta dias do cerco, preocupando-se com o “bem
estar das crianças”. No entanto, os eventos do 51º dia, iriam produzir um puro
terror além de qualquer coisa imaginável.
Show Time
Às 5:55h. da
manhã do dia 19 de abril de 1993, em desafio ao Posse Comitatus Act (um esteio
das frágeis liberdades americanas que proíbe o emprego de militares contra
civis), a nova Secretária de Justiça, Janet Reno, mandou que o FBI terminasse o
que o BATF começara. Tanques da Guarda Nacional do Texas e a 6ª Força Tarefa
Conjunta atacaram o complexo com gás mortífero para as crianças e não muito
saudável para os adultos, enquanto abriam brechas no prédio. Alguns davidianos
conseguiram escapar, enquanto que, outros foram baleados por franco atiradores
do FBI. As tropas federais eram formadas por soldados de elite da Força de
Comando Delta do Exército, armados com tanques M-60 modificados em veículos de
engenharia de combate. Acoplados na frente destes tanques, estavam grandes
bombas e canhões. O plano era lançar essas bombas pelos muros da propriedade,
nas laterais esquerda e direita do edifício e então, injetar gás nos níveis
superior e inferior... Cujo objetivo, era forçar os membros da seita para o
centro e para fora, pela frente. Tanques M-1 Abrams, também foram posicionados
enquanto veículos de transporte de tropas Bradley ficaram estacionados em volta do perímetro. Em pontos
estratégicos, atiradores de elite do FBI, tomaram posições. Nesse ponto, alguém
em autoridade, de algum lugar, deveria ter impetrado uma injunção jurídica
contra o Governo Federal por violar a Lei Posse Comitatus. A verdade, por trás
desta ação, foi que o principal objetivo dessa operação foi testar o povo
americano e ver o grau de sua indignação diante das gritantes violações às
leis, o que não aconteceu. Outro ponto importante foi verificar como as tropas
se comportariam ao executar, pela primeira vez, uma ação de combate contra uma
população localizada. Waco foi assim, o plano piloto das ações policiais do
Estado contra civis. Esta seria uma ação comum durante o governo mundial, cuja
autoridade estaria firmemente baseada na ONU.
Para o
governo Clinton, foi fácil manipular toda a operação e fazer a população
colocar a culpa no Ramo Davidiano, nos “cristãos” fundamentalistas, e nos
proprietários de armas de fogo.
Quando o ataque ocorreu,
as imagens de vídeo mostraram fogo sendo disparado da frente do tanque M-1
Abrams. A conflagração, que subitamente explodiu e consumiu as construções
surpreendeu a todos os observadores. Embora os altos funcionários do governo
tenham negado, veementemente, as acusações de que tinham iniciado o fogo e
tomado as providências para que ele se espalhasse rapidamente, agora sabe-se
que, a partir de revelações de ex-agentes, que atuaram na época, as tropas
federais usaram artefatos pirotécnicos, que serviram como estopim ao contato
com a grande quantidade de querosene que
estava sendo utilizada, em decorrência ao corte da energia durante o cerco.
Quando o ataque foi ordenado, os mesmos
altos funcionários do governo sabiam que os ventos estavam soprando a 50 km/h ., um fator que se
provou extremamente importante, pois o fogo que saía da frente do tanque,
instantaneamente, ergueu labaredas de fogo tão intensas que pareciam o próprio
inferno. Apenas para assegurar que o incêndio continuaria o mais alto possível,
os funcionários federais não chamaram os caminhões dos bombeiros para combater
o fogo até trinta minutos após ele ter começado. Finalmente, após um ataque de
seis horas, o prédio foi tomado pelas chamas e depois arrasado por veículos
blindados Bradley. Neste dia, nenhum oficial do FBI foi ferido. O saldo do
cerco aos davidianos foi extremamente trágico; 69 adultos, entre eles Koresh, e
27 crianças, algumas com até três anos, foram mortos.
Um fator
agravante foi que os agentes federais utilizaram um agente químico, que é
ministrado em guerras pelo Exército Americano o orthochloro
benzalmalonomitrile, proibido por convenção internacional. Este agente foi
injetado nas construções, através de orifícios feitos nas paredes pelos
agentes.
O FBI
sustentou que, no Ramo Davidiano, houve uma espécie de suicídio coletivo.
Entretanto, alguns pesquisadores defendem que, quando os tanques do FBI
iniciaram a invasão, eles derrubaram as lanternas de querosene. Investigadores,
por outro lado, tem sugerido que o FBI fez esforço para encobrir os crimes do
governo, em Monte
Carmel.
Um fato muito
estranho, relatado por um ex-agente, dá conta que, durante a noite anterior a
tragédia, um grupo de oficiais penetrou o complexo dos davidianos, por um túnel
existente a centenas de metros da propriedade, que era utilizado pelos
davidianos para se abrigarem dos tornados, muito freqüentes na região. Este
grupo de elite da Força Delta dirigiu-se ao centro de convenções e lá, aguardou
o início das operações. Sua finalidade era a preparação do ambiente para a
invasão, eliminando os líderes da resistência.
De acordo com
um médico legista, que foi um dos examinadores dos corpos dos davidianos, do
Condado de Terre Haute, muitas dessas mortes ocorreram no Condado de Mclennan,
situado muitos quilômetros ao sul de Terre Haute. Segundo relatórios, alguns
corpos resgatados não estavam utilizando máscaras anti-gás. Alguns pretensos
sobreviventes do incêndio, relataram que as mães usavam máscaras, mas as
crianças não. Segundo um psicólogo, isto é pouco provável, pois é difícil
acreditar que as mães preferissem colocar máscaras, para sua segurança, e ficassem
assistindo suas crianças se contorcerem pela asfixia, ao invés de,
simplesmente, se entregarem às autoridades e salvarem seus filhos.
Existem
evidências forenses de que restos de máscaras não estavam ligados, ou mesmo
próximos, aos corpos dos membros de Monte Carmel. Uma máscara anti-gás,
normalmente, ao ser destruída pelo calor das chamas, sempre deixa resíduos no
rosto de quem a usa.
Em resumo,
não houve evidências, contundentes, de que os membros do Ramo Davidiano
estivessem utilizando as máscaras anti-gás, apesar de as terem em grande
quantidade em seus estoques. Isto prova que, durante a invasão, as pessoas não
tiveram tempo de colocar as máscaras.
Em 1º de
julho de 2001, o The New York Times publicou matéria na qual os advogados do
Ramo Davidiano afirmavam que quando os agentes do FBI atiraram em membros do
culto, empregaram um tipo de fuzil de assalto curto que depois, não foi
submetido a exame.
Koresh,
quando morreu, tinha 33 anos de idade, o que era perfeito para que ele se
apresentasse como a figura do Messias, para a sua seita, já que conforme a
tradição cristã, que professa que a idade de Cristo era de 33 anos, quando
completou seu ministério. Ao que parece, após 51 dias de cerco, passando tantas
privações e provações, Koresh sabia que só sairia de Monte Carmel morto, após o
sacrifício, nas mãos dos incrédulos.
Waco foi o
maior massacre de americanos, por seu próprio governo, desde 1890, quando
muitos índios da tribo do chefe Pé Grande, foram trucidados em Wounded Knee , Dakota
do Sul.
Algum tempo
depois, 11 membros da Igreja Ramo Davidiano, foram levados a julgamento por
“conspiração para praticar assassinato” dos agentes federais que os haviam
atacado. O júri pronunciou-se pela inocência de todos os 11 nesse quesito. Mas,
depois de declarar que os réus eram culpados da tentativa de homicídio – a
própria acusação da qual acabavam de ser inocentados -, o juiz sentenciou oito
membros, inocentes, da igreja em até 40 anos, com base em acusações menos
pesadas. Um jurado desgostoso comentou: “as pessoas erradas foram a
julgamento.”
Do Livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro
Nenhum comentário:
Postar um comentário