Sabendo, anteriormente, que os
fundamentos das ações de conquista e manutenção do poder são o sigilo e as
informações estratégicas ou privilegiadas, compreende-se porque pesquisar
segredos, de forma legal ou clandestina, pode ser considerada atividade de
altíssimo interesse, apesar do risco envolvido. Não é de todo repulsivo que ao
Estado, através das polícias e dos serviços secretos, seja dado bisbilhotar a
vida alheia, desde que os produtos dessa xeretice se destinem, apenas e tão
somente, a sua defesa ou à inteira proteção dos cidadãos. Como às vezes, a
investigação é percebida ainda a meio, sem que se possa ou se deseje instruir
acusações contra o observado, o remédio é negar, sempre que possível, o feito,
considerando-o “apenas um caso fortuito”, naturalmente atribuível a “interesses
escusos” ou aos “inimigos das liberdades democráticas”. O complicado, desde
tempos imemoriais, mesmo antes de se inventarem os telefones e os grampos, tem
sido distinguir entre as operações feitas no legítimo interesse público e
aquelas em prol das causas restritas, particulares. Como todos percebemos, os
mercados, principalmente os das informações, já governam tudo nos dias de hoje,
até mesmo certos governos..., porque conhecimento é poder. Conhecimento
exclusivo é poder restrito e, portanto, matéria-prima preciosa para qualquer um
que dele possa se valer. Daí fica-nos a certeza de que os grampos, apesar de
incompatíveis com os discursos líricos ou oficiais em favor da privacidade do
cidadão e da mais irrestrita democracia, continuarão a ser commodity
ambicionada pelo mercado, público ou privado.
Afinal, como reza o adágio, “... O preço da liberdade é a eterna
vigilância...”, o que certamente não exclui as conversas e os movimentos
alheios. Ante essa evidência, não se deve deixar de apreciar os meios, lícitos
ou espúrios, ostensivos ou secretos, as conspirações enfim, de que se valem os
humanos para se manterem adequadamente informados, ou, apenas, para impedirem
essa possibilidade aos adversários. Como é universalmente bem aceito, não
pairam muitas dúvidas quanto ao fato de que a sede das forças que detêm o poder
mundial esteja, mesmo, localizada nos Estados Unidos muito embora se deva
ressaltar, isso não signifique, necessária mente que o poder mundial já seja os
Estados Unidos. Intelectos respeitáveis têm assumido que aquele país possa vir
a ser, apenas, a materialização física, visível, desse poder, consubstanciado
em pujança física, riqueza e capacidade militar inigualáveis. De outro lado, é
razoável supor-se que o “mercado de informações secretas”, essencial às
atividades concernentes à ampliação do poder, como qualquer outro mercado nos
dias de hoje, também tenha evoluído sob forte tendência concentradora. Isto
posto, não é difícil aceitar o fato de que a sede do “observatório universal”,
centro mundial da espionagem, também fique em território norte-americano, não
apenas recebendo e processando informações de sua rede de aliados como,
igualmente, controlando-a. E isso, registre-se, é a pura verdade. A luta tem se
revelado tão pesada e profissional neste terreno que, além das pessoas físicas
e dos estados nacionais, os próprios mercados comuns, meninas dos olhos do
status globalizante e sonho dourado dos trilateralistas, já sofrem as incômodas
conseqüências da desconfiança e da bisbilhotice internacional. O parlamento
Europeu, órgão legislativo da União Européia, denunciou a existência de um
aparato de espionagem internacional denominado Échelon, desenvolvido a partir
do fim da Segunda Guerra Mundial para monitorar a antiga União Soviética e seus
aliados. Com o fim da guerra fria, o sistema foi adaptado para farejar as “comunicações
civis do século XXI”. Com tal manobra, o núcleo de poder conseguiu preservar o
orçamento de bilhões de dólares do tempo da bipolaridade ideológica e militar.
Ativo desde os anos 70, o Échelon consiste numa rede capaz de filtrar e ordenar
informações a partir de palavras-chaves pronunciadas, da mesma forma que
sistemas existentes para rastrear informações na Internet. Essa denúncia foi
responsável por dezenas de reuniões de especialistas, entre os quais o
investigador neozelandês Nicky Hager, autor do livro “Poder Secreto”. Nele,
Hager confirma a denúncia de que o sistema central do Échelon fica em Fort Meade , próximo a
Washington, onde opera a National Security Agency (NSA), Agência de Segurança
Nacional dos Estados Unidos, e possui, entre outros, um braço australiano, o
Government Communications Security Bureau (GESB), que lhe municia com
informações a respeito de tudo que se passa nos países da área do Pacífico,
colhidas em Waihopai (Nova Zelândia) e Geraldtown (Austrália). Segundo o livro,
os agentes do GESB que, na verdade, é o próprio serviço secreto da Nova
Zelândia, passam os dias lendo as correspondências eletrônicas e as
transcrições dos telefonemas entre governantes, políticos e empresários da
região, repassando os achados “interessantes” para a NSA, em Washington. O “poder
secreto”, a que alude Hager, transcende a política e atua em questões puramente
comerciais, incluindo espionagem industrial nos chamados “países amigos”.
Antigamente, 52 conjuntos de monitoramento trabalhavam de forma independente,
porém nos anos 80 foram reunidos sob um sistema integrador denominado Platform.
Toda a estrutura desses conjuntos foi unificada, nos dias de hoje, sob o nome
de United States Sigint System (USSS). Nem mesmo os grandes aliados dos Estados
Unidos escapam dos “olhos eletrônicos”, estruturados a partir do importante
centro de Menwith Hill, na Inglaterra. A França decidiu se precaver contra essa
vigilância montando aparato próprio de interceptação, na certeza de que é
vítima dos olhares malígnos do big brother e atribuindo a eles a perda do
contrato para a construção do nosso Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Essa informação é suportada por Duncan Campbell, o jornalista que redigiu a
denúncia do Parlamento Europeu, o qual afirma haver a empresa francesa Thomson,
em 1995, quando concorrente à licitação para a construção do Sivan, denunciado
que o Brasil também estaria sendo alvo dessa rede de espionagem. A
norte-americana Raytheon teria se valido de informações privilegiadas da
Thomson, obtidas por meio do USSS, para vencer a corrida pela encomenda. Até
mesmo a nossa EMBRAER, segundo informações veiculadas no Canadá, onde fica a
sede de sua maior concorrente no mercado, a Bombardier, seria um dos alvos
preferenciais do sistema. Todo o universo seria vulnerável ao esquema
eletrônico desse conjunto, que possui o mais espetacular, amplo e sofisticado
sistema de satélites do mundo. A América Latina seria monitorada pelo Canadá, o
Pacífico pela Austrália e a Nova Zelândia, e toda a Europa, pela Inglaterra. Na
Ásia, dois países são o alvo principal do aparato: o Japão, adversário
econômico, e a China, que já se tornou um grande rival militar. Hager e
Campbell continuam as investigações, mantendo estreito intercâmbio, e já
levantaram a existência de outros sistemas secundários, sob uma única bandeira,
ainda não inteiramente revelados para o público. Essa é a lógica cruel e fria
do negócio, não poupando, sequer, a privacidade de nenhum cidadão, deste ou de
qualquer outro país onde se viva. Câmeras de televisão, nos Estados Unidos e em
diversos outros países industrializados, monitoram permanentemente as ruas, os
shoppings centers, os estacionamentos, os edifícios públicos e privados, sob a
alegação de prevenção do crime, proteção aos clientes e moradores, programas de
prevenção ao uso de drogas, segurança patrimonial, etc. A espirituosa frase
“Sorria, você está sendo filmado”, vista em todos esses países, é apenas uma
cortesia adicional do status quo, para que você se lembre de ser socialmente
bem comportado e de não cometer pequenos delitos. Ela não significa, em
hipótese alguma, que você não possa estar sendo vigiado, em qualquer ocasião,
por outros meios não anunciados ou perceptíveis. Em sociedades que se vão
sofisticando, a polícia e algumas organizações conhecem amplamente a vida
privada de cada cidadão, dispondo do registro completo de seus movimentos.
Nos últimos quinze anos, com as revoluções na informática e nas telecomunicações, fenômenos de comunicação de massa como as redes sociais, tem seduzido tantas pessoas pelo mundo que já somam o primeiro bilhão. Infelizmente, tantas pessoas não querem se dar conta de que caíram na armadilha da modernidade e disponibilizam dados importantes que já passam a integrar um extenso banco de dados que pode ser utilizado pela sede de poderes daqueles que tudo já controlam.
No caso específico do Brasil, não compreendo a indignação do governo brasileiro sobre este caso das escutas eletrônicas, como se fosse um escândalo descobrirem que são alvos constantes de vigilância. Lancei este livro em 2011 e de lá pra cá, venho expondo esta questão, sendo ignorado por todos, inclusive os meios de comunicação. Em meu livro, denuncio que todas as nações, inimigas ou amigas, são alvos constantes de espionagem. Denuncio que o governo americano desrespeita todas as convenções e acordos internacionais alegando a questão da segurança nacional. Acima, deixo bem claro o real motivo e afirmo que, se o povo estadunidense não é capaz de se levantar contra um governo que pisa sua própria constituição, isto se dá ou porque são acomodados, ou por serem covardes. Mas, com relação aos povos da Europa, afirmo que é por pura submissão. Já com relação à Asia, especificamente o Japão, trata-se de pura conveniência por também cometerem seus pecados na bisbilhotice alheia.
Veja o que Edward Snowden fala a respeito:
Nota do autor
No caso específico do Brasil, não compreendo a indignação do governo brasileiro sobre este caso das escutas eletrônicas, como se fosse um escândalo descobrirem que são alvos constantes de vigilância. Lancei este livro em 2011 e de lá pra cá, venho expondo esta questão, sendo ignorado por todos, inclusive os meios de comunicação. Em meu livro, denuncio que todas as nações, inimigas ou amigas, são alvos constantes de espionagem. Denuncio que o governo americano desrespeita todas as convenções e acordos internacionais alegando a questão da segurança nacional. Acima, deixo bem claro o real motivo e afirmo que, se o povo estadunidense não é capaz de se levantar contra um governo que pisa sua própria constituição, isto se dá ou porque são acomodados, ou por serem covardes. Mas, com relação aos povos da Europa, afirmo que é por pura submissão. Já com relação à Asia, especificamente o Japão, trata-se de pura conveniência por também cometerem seus pecados na bisbilhotice alheia.
Veja o que Edward Snowden fala a respeito:
Nota do autor
Do Livro: O Longo Caminho até o 11 de Setembro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário